domingo, 16 de setembro de 2012

...Sonorizou Letrando XXIV...

"Amor é privilégio de maduros
 estendidos na mais estreita cama,
 que se torna a mais larga e mais relvosa,
 roçando, em cada poro, o céu do corpo.

É isto, amor: o ganho não previsto,
 o prêmio subterrâneo e coruscante,
 leitura de relâmpago cifrado,
 que, decifrado, nada mais existe

valendo a pena e o preço terrestre,
 salvo o minuto de ouro no relógio
 minúsculo, vibrando no crepúsculo.

Amor é o que se aprende no limite,
 depois de se arquivar toda a ciência
 herdada, ouvida. Amor começa tarde.”
 
Carlos Drummond de Andrade.

Um comentário:

Aline Goulart disse...

Adoro esse poema do Carlos. Lindo!